segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Orla de Maceió - AL














Sou Você
Caetano Veloso


Mar sob o céu, cidade na luz
Mundo meu, canção que eu compus
Mudou tudo, agora é você

A minha voz que era da amplidão
do universo da multidão
Hoje canta só por você
Minha mulher, meu amor, meu lugar
Antes de você chegar
era tudo saudade
Meu canto mudo no ar
Faz do seu nome hoje o céu da cidade

Lua no mar, estrelas no chão
A seus pés, entre as suas mãos
Tudo quer alcançar você

Levanta o sol do meu coração
Já não vivo, nem morro em vão
sou mais eu por que sou você

Minha mulher, meu amor meu lugar
Antes de você chegar
era tudo saudade
Meu canto mudo no ar
Faz do seu nome hoje o céu da cidade

Lua no mar, estrelas no chão
A seus pés, entre as suas mãos
Tudo quer alcançar você

Levanta o sol do meu coração
Já não vivo, nem morro em vão
sou mais eu por que sou você.


sábado, 29 de janeiro de 2011


Minha primeira postagem literária, seguirá também uma ordem cronológica. Esse foi o meu primeiro conto. Logo, logo outras publicações serão apreciadas por todos. Aguardem...
Ninguém


As histórias de amor entre primos é algo que permeia a mente humana já há algum tempo. Desde os meus primeiros passos no caminho da conquista do outro eu ouço relatos de casos entre primos. Alguns odiados pelos entes e parentes, amaldiçoados pela suspeita de filhos imperfeitos; outros tratados como brincadeira de criança, de adolescente, como a descoberta em família, de uma possível sexualidade. Essas muitas palavras de inquietude, esse mistério e a sedução que rodeia um romance em família me fizeram por diversas vezes me imaginar em enlaces amorosos com alguns de meus muitos primos de primeiro e segundo grau. A maioria ficou somente no devaneio de minha mente fértil. Até que, durante uma das minhas muitas viagens para tentar conhecer por completo as ramificações de minha grandiosa família, eu conheci um primo de segundo grau, bem especial. Ele era um misto de delicadeza em seus traços físicos e rudeza de atitudes e palavras. Parecia, como dizem algumas pessoas, um diamante em seu estado bruto esperando o momento de ser lapidado.
A empatia foi imediata, e como ele é mais novo que eu poucos anos, saíamos juntos para passear por repetidas vezes na praça da cidade, conversar sobre a vida alheia, paquerar aos outros e a nós mesmos e em alguns momentos beber a bebida dos deuses, o vinho.
Como é muito comum em cidades do interior, aconteciam muitas festas particulares apenas para potencializar a diversão e o encontro entre amigos. Não se precisava de um motivo para estar junto e comemorar. O simples fato de estarmos ali, na mesma cidade e sabendo que logo íamos nos separar, já era o suficiente.
As nossas conversas tomavam cada vez mais a direção do sexy, do sexo e do prazer. O seu rosto me era encantador. Uma boca com lábios finos, numa pele clara, que o deixava rosado quando se constrangia, e olhos tristes, pidões, carentes de um afago, de um carinho. Eu tinha sempre a impressão de protegê-lo, um sentido materno, acolhedor; o que me deixava ainda mais atraída. E a proteção era recíproca, coisa de "homem adolescente" que acha ser possível se transformar em um super-homem a qualquer momento que ofereça risco ou perigo. Isso me cativava e eu era capaz de passar horas antes de dormir lembrando de suas palavras, seus olhos, do seu jeito falsamente despretencioso de aparecer onde eu estava ou procurar por mim se esforçando para que eu não percebesse.
Como as paixões são sempre perigosas, arriscadas e excitantes, os nossos encontros eram sempre uma prova de resistência. Certa vez saímos separados de uma festa, eu primeiro, ele depois, pois poucas pessoas sabiam dessa atração que sentíamos e há algum tempo estávamos descobrindo. Depois de sussurar ao meu ouvido o local do encontro, lá fui eu saindo de fininho, sem me despedir de ninguém e fiquei esperando por ele no lugar determinado. Pouco tempo depois ele chegou, poucas palavras foram ditas e muitos beijos foram dados. É muito boa a sensação de ser comida por um beijo, de perceber o outro degustar o seu sabor através da boca. Nossos beijos eram assim, molhados, ardentes, macios, fortes. E enquanto me beijava eu podia sentir suas mãos percorrendo meu corpo, costas, nuca, cintura. A respiração ficava cada vez mais ofegante e era impossível ignorar o pedido de nosso desejo em fazer amor. Como num ato de pura insensatez me ajoelhei e o chupei ali mesmo, escondida por um muro, mas em uma via pública, prestes a ser surpreendida por qualquer morador daquele local. Mas era tudo tão gostoso. O sabor do sexo, o perigo em ser descoberta, os gemidos que ele dava e o pedido de que não parasse. Tudo isso me encorajava a continuar e me proporcionava mais prazer. Até que, de repente, decidi parar, parece que o meu consciente finalmente assumiu as rédias do meu ser e eu interrompi aquela deliciosa degustação. Me dei então de cara com um menino pidão, desesperado para que eu o levasse ao ápice de seu prazer. Isso despertou em mim uma face perversa e cruel que me fez abandoná-lo ali, na rua, altas horas da madrugada, de calças arreadas e completamente excitado. Me levantei, beijei-o na boca e fui pra casa. Dormi calma, leve e muito relaxada.



    Por ter uma profissão que envolve pontos e pingos, não posso deixar de apreciar a grande profissional que é a Viviane Mosé. Psicóloga e psicanalista de formação, ela também versa muito bem sobre Filosofia.
     Como escritora, os seus poemas são muito próximos dos "humanos" e possuem um toque de muita sensibilidade e força. Dentre os muitos que aprecio, deixarei registrado aqui um que trata com bastante verdade a nossa relação com o tempo e apresenta um cunho expressivo do Nietzsche.

    "Quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele
      soprando sulcos na pele
soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina
sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma
(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercitando instantes
acho que ganhei presença)
acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim.
e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás
um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos
acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando..."
Viviane Mosé - Pensamento Chão - Poemas - Editora Record - 2007.

 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

     O intervalo infinito representa a amplitude pertencente ao ser humano,
independente de suas limitações.
Em Matemática, alguns intervalos são infinitos e limitados.
Essa referência nos remete à riqueza que todo ser humano possui independente
das extremidades que o cerca.
Para a espiritualidade, a nossa existência é um intervalo de nossa infinitude. 
Assim, é sempre possível ser infinito dentro de qualquer limitação que nos abarque.
Independente da área trabalhada, estudada ou pretendida, tudo se resume a um arranjo,
harmonioso ou não, de pontos e pingos.